CuecaLimpa

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02 setembro, 2010

Estados DesUnidos da América

Desde 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos se encontram em um dilema sobre sua identidade nacional. Até então a tese do multiculturalismo, da diversidade étnica, religiosa e culinária eram orgulho nacional, mesmo que o racismo e as diferenças de classe sempre tenham sido razões de conflitos bem como de discussões coletivas e ações voltadas à políticas públicas. Essas questões se tornaram símbolos históricos da construção daquela nação. Até no final do governo Clinton, os EEUU exportavam conhecimento e técnicas de como fortalecer a sociedade civil, sobretudo direitos humanos, direitos das mulheres (inclusive reprodutivo) e dos homosexuais, o que se acabou com o governo Bush. No entanto, hoje em dia, somente a culinária parece sobreviver às mudanças do multiculturalismo americano.

Depois dos ataques ao World Trade Center, o grande monumento à cultura capitalista dos EEUU, os discursos e discussões sobre diversidade cultural se transformaram em batalhas verbais entre várias frentes que, de um lado, defendem os cidadãos muçulmanos e immigrantes em geral, e de outro, aqueles que veêm estes indivíduos como potenciais terroristas infiltrados em solo unicamente cristão—não só os árabes e muçulmanos, mas qualquer um que carregue um nome que dê muito trabalho na pronúncia. Há no país uma divisão clara no que diz respeito a religião.

Nove anos depois dos ataques, os parentes das vítimas ainda se proclamam como os detentores da voz decisiva sobre o destino do Ground Zero (Marco Zero), a área onde os edifícios se encontravam antes dos ataques. Toda decisão sobre o destino do local, tem que passar por sua aprovação, encontrando, na maioria das vezes, desaprovação. As vítimas, muitas eram muçulmanas, também são usads no discurso que rege a política externa do país.

Desde 2003 os EEUU lutam em solos estangeiros na tentativa de acabar com os terroristas. Mas as guerras travadas fora do solo americano não trouxeram nenhuma vitória, então, trava-se uma batalha dentro de casa na tentativa de se resgatar um pouco da glória e da dignidade perdida.

Agora que se fala na construção de um centro de cultura islâmica, que entre outras coisas contará com uma mesquita, a duas quadras do marco zero, o debate(boca) se elevou às autoridades máximas do país envolvendo até o presidente Barack Obama que defendeu o “direito” de se erguer tal edificação de 13 andares no local.

Manifestações se formam no local e agressões aqueles que sejam ou se pareçam árabes já ocorreram, e os políticos de extrema direita, juntamente com os cristões frenéticos, como se era de esperar, aproveitam o debate para desmoralizar o governo Obama.


Centenas de pessoas encheram o Zuccotti Park, em Manhattan, no protesto “Acabe com a Islamização da América” contra a construção da mesquita em 6 de junho. (foto: Carla Zanoni, DNAinfo)






Os manifestantes contra a construção da mesquita estão em pura histeria. Já chamaram o profeta Maomé de porco (pig) e um motorista de taxi foi esfaqueado por um passageiro após descobrir que o motorista era muçulmano (de acordo com Jen Phillips da revista Mother Jones; 25 de agosto).

Muito embora estas manifestações contrárias sejam apenas a manifestação da histeria da direita estadunidense (que é sempre contra tudo que não seja regido pelas regras preconceituosas cristãs), as manifestações refletem mais um elemento da cultura dos EEUU. Ou seja, novamente a caça às bruxas volta a donominar os espíritos estadunidenses, que hoje ainda se encontram sedentos por vigança e massacre pelos acontecimentos de 11 de setembro de 2001.

Algo que já se é visível sobre o Marco Zero, é o fato de que este local virou palco para que sejam montados “barracos” generalizados que somente devem deixar as almas das vítimas no limbo simplesmente por não conseguirem descansar em paz... É em nome delas que motorista de taxi é assassinado em nome de Jesus Cristo, que pregava a paz e o amor. Infelizmente, não se imprime bíblias como antigamente...

O aniversário de 9 anos dos ataques estão chegando, e o grupo “Acabe com a Islamização da América” já planeja uma outra cruzada para as comemorações. Aguardem, pois o número de vítimas de assassinato pode ser grande.

Só resta esperar para ver se, quem sabe, a galinha Kabab sobreviverá a destruição do multiculturalismo estadunidense. Bem, as tochas já estão acessas! Só falta a galinha e o tempero árabe que os fanáticos cristãos americanos desesperadamente tentam retirar do menu.

Sem sombras de dúvidas os ataques ao World Trade Center foram mais do que bem sucedidos pois estes ainda causam destruição aos Estados Unidos da América, principalmente com a desunião de sua gente, o desmantelamento de sua cultura, e também por estar colocando perante ao mundo a dúvida sobre a sua real fé em “deus.”