CuecaLimpa

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31 agosto, 2010

Fátima Guedes? Gente, ela é muito boa!

No final dos anos 70, início dos anos 80, as músicas tinham que falar de algo. Tinham que ter conteúdo, substância. Além das melodias e vozes, tudo indicava que as mensagens eram de extrema importância e um tanto quanto emergenciais. As canções levavam coisas às nossas mentes e lá ficavam para serem comparadas com a realidade de uma mudança política mesmo que aquelas canções só falassem de amor, paixão, romance.

Vários artistas realmente me impressionavam naquela época, seja pelo talento, coragem de dizer coisas que ninguém diria, ou tão somente pelas vozes e figuras que eram.

Uma compositora e cantora pela qual senti, e ainda sinto, uma profunda adimiração é Fátima Guedes, que quando ainda novinha já falava de dor profunda, já falava de amores perturbados, e ao mesmo tempo falava de infância e natureza, tudo com a mesma maestria.

Carioca que teve suas composições gravadas por grandes nomes da “MPB,” ela também provou ser uma excelente cantora gravando canções de outros compositores.  Fátima, pra mim, está entre os melhores compositores brasileiros.

Achei este vídeo no Youtube no qual ela foi recebida por Elis Regina no seu especial de fim de ano na TV Bandeirantes em 1978. As duas fazem um dueto cantando “Meninas da Cidade” de autoria de Fátima (do seu primeiro disco).






Site oficial de Fátima Guedes: http://www.fatimaguedes.com.br/home.html

25 agosto, 2010

Roberto Marinho: Herói ou Bandido? III – O Retorno da Censura

Ontem, terça-feira, 24 de agosto, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) deu parecer favorável à Rede Globo, e por unanimidade julgou válida a compra realizada em 1964 da TV e Rádio São Paulo pelo valor de por US$ 35 (trinta e cinco dólares) por Roberto Marinho.

Muito embora o processo não estivesse transcorrendo sob segredo de justiça, ele rolou fora de qualquer grande debate nacional. O caso da suposta compra fraudulente esteve fora da mídia, fora dos jornais, fora das rádios, fora de tudo. O julgamento ficou fora do ar.  O julgamento do caso esteve submerso por uma áura de mistério, suspense, e, por decorrência, suspeita. Por isso, o caso da compra, se foi legítima ou não, quase que perde um pouco de sua importância, tornando-se o “sigilo” em torno do caso em uma questão de proporções maiores, criando em mim também um interesse maior, bem como, um pouco de medo.

Para quem não teve acesso aos autos do processo, como eu, restam, no mínimo, uma dúzia de perguntas que decorrem da falta de maiores informações. Dentro deste contexto cheio de falta de informações, a pergunta mais idiota seria: quem venderia, mesmo em 1964, uma estação de rádio e televisão por 35 dólares? Agora, uma outra pergunta mais idiota do que a pergunta mais idiota para quem não está provido de informações o suficiente, seria: por quê tanto segredo em torno deste julgamento? Ou, por quê os noticiários não fizeram deste caso uma matéria? Ou, por quê tão poucos jornalistas (em seus sites e blogs) tiveram interesse em cobrir e passar para a população informações sobre o julgamento? A meu ver, este é o mistério que chama mais a atenção.

O mistério que envolveu o julgamento da Rede Globo é preocupante para qualquer um que viveu, por menor tempo que seja, tanto a revolução militar de 1964 e seu longo período de governmo militar e ditatorial, quanto o momento de redemocratização. Uma das coisas mais perigosas do governo militar, ou de qualquer governo totalitário, foi a censura, que no geral funciona como um corte de informações verdadeiras à população, uma ruptura com a realidade em favor a comerciais de uma realidade montada, uma realidade falsa. Aqueles que comemoraram o fim da ditadura, comemoravam também a possibilidade de uma nova sociedade. Comemoravam o início de uma sociedade sem segredos, uma sociedade transparente e imparcial principalmente aos fatos tão relevantes quanto a esse que foi julgado ontem pelo STJ, sem defender aqui o mérito da questão julgada.

A omissão sobre o julgamento de ontem por parte dos mais importantes órgãos de notícias do país assusta e amedronta a quem passou pelas recentes transformações históricas do Brasil. A omissão do jornalismo da Rede Globo poderia até ser entendida como um caso que não interessa tanto quanto o caso Bruno do Flamengo, do caso Mércia Nakashima, ou o caso do filho da atriz Cissa Guimarães (ao qual a Rede Globo devotou muito do seu tempo em  cobrir passo a passo), pois estes casos realmente rendem pontos no IBOPE a qualquer tipo de jornalismo. Mas, tentar compreender o silêncio do jornalismo da Globo como decorrência de um comprometimento em manter em segredo a possibilidade de que o fundador da mais importante rede de comunicações do país ter cometido um cambalacho, seria um retorno à tentativa de compreensão da realidade praticada durante os anos de ditadura; ou seja, entender o que foi censurado, entender censura. Isso, parece-me, não pode ser uma hipótese, não pode ser verdade, pois seria uma maldade aos telespectadores que assistem o Jornal Nacional em busca de informação. (No entanto, é fato de que a Rede Globo omite fatos aos seus telespectadores, ouvintes e leitores, como o recente caso de estrupro de uma menina de 13 anos em Santa Catarina, envolvendo o filho de Sérgio Sirostsky, diretor da Rede Brasil Sul de Comunicação-RBS, afiliada à Rede Globo, no qual, coincidentalmente, a pena que o rapaz recebeu, pode-se dizer, foi branda.)

A censura, então, poderia alguém concluir, ainda vigora no Brasil. Bem, uma forma de se analisar esta tese seria olhar este tipo de censura não como impossição do governo, mas, ao contrário, esta censura parte dos próprios meios de comunicação. Os motivos e razões desta “auto-censura jornalística” podem ser vários e inúmeros, mas não caberia considerar o caso como “irrelevante” enquanto motivo para a não realização de uma matéria jornalística cobrindo o processo julgado ontem pelo STJ.

Só resta então, na tentativa de se compreender o silêncio da mídia enquanto um fator relacionado ao nome “Roberto Marinho,” onde ele aparecia somente enquanto herói nacional na área de comunicações. Levantar qualquer suspeita sobre sua figura seria inaceitável. Qualquer tentativa de se macular sua imagem, seria imprópria.

Neste caso bem curioso e cheio de mistérios, que foi a compra da Rádio e Televisão São Paulo, em novembro de 1964, e o sigilo do seu julgamento pelo Supremo Tribunal de Justiça em agosto de 2010, tudo parece indicar que a figura Roberto Marinho permanecerá presente no grande Panteon dos Deuses Brasileiros. Com o caso de ontem, sem sombra de dúvidas, Roberto Marinho, torna-se parte da mitologia nacional, onde heróis, bandidos, homens santos, e coronéis benfeitores figuram como estrelas máximas da cultura brasileira.

A diferença é que a Globo não faz a diferença. Roberto Marinho, sim, este faz a diferença, mesmo após sua morte.

21 agosto, 2010

Eu Sei Quem É Jill Scott!!!

Falando de música (já que minha última postagem sobre o assunto foi sobre a cantora Vanusa e um vídeo montado que fizeram dela) outro dia estava escutando o remix do Jazznova (banda de DJ’s alemã) da música “A Long Walk” (Longa Caminhada) da cantora, compositora, poetisa, e atriz Jill Scott, e percebi que tinha que assistir o clip da música com Jill cantando mais uma vez.

A meu ver Jill é uma das mais incríveis personalidades no meio artístico atual. Seus poemas são fantásticos, os quais ela recita em alguns de seus shows. Seus álbuns ao vivo te transportam à platéia, pois o domínio que ela tem sobre os presentes nos shows é simplismente fascinante aos ouvidos. Nunca tive a chance de ve-la ao vivo, então resta o vídeo.

“A Long Walk” faz parte do disco de estréia da artista, entitulado “Who is Jill Scott?” (Quem é Jill Scott) de 2000, que foi o álbum número 1 da Bilboard daquele ano.

Tem muita coisa pra ser dita sobre Jill Scott, seu talento, criatividade e trabalho social, mas vale a pena falar da minisérie da HBO na qual Jill estrelou.

Como atriz, adorei o desempenho de Jill na minisérie da HBO com parceria da BBC de Londres, “The No. 1 Ladies’ Detective Agency” (A Agência de Detetive Feminina Número 1), adaptação para tv do livro com o mesmo título de Alexander McCall Smith, sobre uma detetive particular divorciada em Botsuana, África. O programa piloto de 2 horas da série foi dirigido por Anthony Minghella, diretor do filme “O Paciente Inglês (1996; que arrebatou 9 Oscars), e foi o último projeto do diretor antes de sua morte em março 2008. Mas a direção de Minghella continuou a reger o projeto. Parece que a HBO pretende extender o projeto em uma 2ª. parte. Tomara que sim, pois é uma série leve que serve para sintonizar um pouco a avalanche de programas (muito bons, por sinal) com conteúdo trágico, dramático, e violento.

Jill Scott, sem sombra de dúvida musical, foi uma das grandes coisas que aconteceram ao R&B. E aqui fica o video de “A Long Walk”, uma das minhas músicas favoritas de Jill onde ela nos leva a uma longa caminhada...




Roberto Marinho: Herói ou Bandido? II

Aqui vai um artigo muito bom de Hélio Fernandez (Tribuna da Imprensa; quinta-feira 19 de agosto) sobre o caso da compra fraudulenta da Rádio Televisão Paulista S/A (hoje, TV Globo de São Paulo) pelo Sr. Roberto Marinho.



O que me chama a atenção no artigo, é que o poder da Rede Globo pode ser muito maior do que se poderia imaginar. A decisão do Tribunal de Justiça do Rio, favorável a família Marinho, favorece a tese de que o poder das organizações Globo seria igual ao de qualquer organização contrária à democracia. O controle sobre decisoes judiciais além de comprometer a própria justiça, também cria uma grande dúvida sobre o futuro da democracia no país, e de como nosso presente já possa estar comprometido por ocorrências semelhantes do passado.

A próxima terça-feira será um momento de grande expectativa sobre a decisão do STJ. Por tudo que venho lendo a respeito do caso, claramente houveram vários atos ilícitos no processo de “compra” da Rádio Televisão Paulista S/A por Roberto Marinho.

Roberto Marinho: Herói ou Bandido?

Cresci assistindo a Rede Globo, canal 4, e ouvindo o nome de Roberto Marinho. Cresci assistindo os programas nacionais e muito da tv e cinema estadunidenses. Lembro-me de responder ao boa-noite do Cid Moreira. Quando adolescente, lembro-me de me sentir meio muito estranho quando o Fantástico terminava, e começava o seriado Dallas. Durante a re-democratização, lembro-me do quanto falavam, e eu escutava chocado, sobre os pactos da Rede Globo com o governo militar. Lembro-me quando Chico Buarque, por final, permitiu a Globo usar uma de suas músicas como abertura de uma novela, e depois, veio a série musical Chico e Caetano. Lembro-me de Leonel Brizola atacando Roberto Marinho...

Bem, agora o papo é um pouco mais profundo, pois tudo indica que o Roberto Marinho nunca foi santo. Ontem à noite, através do telejornal da Rede Record, fiquei ciente de que o espólio da família Marinho e a TV Globo se encontram em meio a um constrangedor processo judicial que será julgado na próxima semana pelo Supremo Tribunal de Justiça. O espólio de Roberto Marinho e a TV Globo serão julgados pela apropriação indevida da Rádio Televisão Paulista S/A, hoje a TV Globo de São Paulo, realizada em 1964 e que contou com todo o apoio do governo militar. A Rede Globo pode perder a TV Globo SP... Sinistro, hein...

Como será o desfecho dessa trama??? Vamos ficar ligados e ver se a notícia será comentada por William Bonner antes de um parecer favorável à Globo—como já aconteceu em instância judicial menor no Rio de Janeiro.

Para maiores, e bem melhores informações, va':

20 agosto, 2010

Filho da Cissa

O atropelamento que levou à morte de Rafael Mascarenhas de 18 anos, filho da atriz Cissa Guimarães, no dia 20 de julho deste ano foi algo horrível; algo trágico. Um rapaz novo, cheio de planos, e com um futuro certamente brilhante, teve sua vida interrompida por uma simples e múltipla quebra de regras. Foi, sem sombra de dúvidas, um acontecimento que chocou o país inteiro, um triste acontecimento.

O fato daquela tragédia ter chocado o país inteiro, por outro lado, está mais ligado ao fato de ser a vítima filho de uma celebridade da Rede Globo do que pela tragédia em si, algo que se traduz das reportagens que cobriram o acontecimento que estressavam os laços de parentescos da vítima com a atriz: “o filho da atriz Cissa Guimarães,” assim como eu iniciei estas linhas. Basicamente a tragédia se tornou na mídia “o caso do filho da Cissa Guimarães,” seguindo a linha das duas grandes manchetes anteriores, como “o caso Bruno do Flamento,” e o “caso da advogada Mércia”--e já consta dos registros da Wikipédia como “Caso Rafael Mascarenhas.” Desta forma, a mídia transforma um triste e trágico acontecimento—que por mais corriqueiro que seja dentro do contexto do Rio de Janeiro—em um drama nacional. Mas nem por isso deixa de ser uma cena triste.

E é este o cenário: um túnel da Zona Sul do Rio que está interditado temporariamente para manuntenção. Nesse túnel, de um lado jovens da Zona Sul do Rio que aproveitam a interdição para andarem com seus skates de madrugada e, de outro lado, outros jovens da Zona Sul praticando “pega,” ou “racha” automobilístico (dirigindo, segundo laudo pericial, à velocidade de aproximadamente 100km por hora).

Dentro deste cenário, outros subtextos, bem como outros personagens surgem: o corredor de pegas, Rafael Bussamra, que se torna assassino mesmo já sendo criminosos antes de matar o filho da atriz e continua em plena liberdade; o pai do assassino, Roberto Bussamra, que se torna cúmplice do crime e também está em plena liberdade; e os PMs corruptos, o cabo Marcelo Bigon e o sargento Marcelo Leal, que tiveram suas penas aplicadas quase que sumariamente por terem aceito, ou pedido propina para liberarem o carro arrebentado que o assassino dirigia durante sua fuga do local do crime. A linha que separa os 4 personagens, além da vítima, é a da classe social, sendo, óbviamente, os soldados de um status social diferente do real assassino—algo que se torna mais evidente por ter acontecido na Zona Sul do Rio e ter o filho de uma celebridade como vítima.

E é por isso que o empenho da justiça tem sido enorme em solucionar o caso, e isso passou a ser a parte mais trágica da tragédia: tal empenho não acontece em casos semelhantes ou até piores, onde, é claro, por ventura, os envolvidos sejam pobres.

Continuando a tragédia. O túnel acústico da Gávea, uma extensão do túnel Zuzu Angel, poderá receber o nome de Rafael Mascarenhas, o "filho da atriz Cissa Guimarães”.  Isso me soou muito estranho (e meio brega) e me levou a pensar sobre que tipo de consequência este batismo de um local público pode levar. O culto e adoração de celebridades e de suas proles refletem a intenção de se reverter o entendimento do que é relevância social? Em que sentido teria Rafael Mascarenhas contribuído socialmente, politicamente, ou culturalmente, ao Rio de Janeiro—enquanto um todo—para merecer tamanho tributo que antes era conferidos a personagens considerados de grande importância?

É de fácil entendimento o porque de um túnel chamado Zuzu Angel sabendo que a estilista foi assassinada pelo regime militar ao qual ela denunciava, nacional e internacionalmente, por torturas e mortes, do qual o seu filho foi vítima. Rafael Mascarenhas, por outro lado, para a maior parte da população do Rio de Janeiro, ainda não era ninguém e nem teve a chance de ter feito alguma coisa que o elevasse mesmo ao status de celebridade ao ponto de receber uma homenagem post-mortum.

Rafael já recebeu uma homenagem dentro do túnel, que foi interditado para que a família e amigos fizessem uma despedida, o que por mais revoltante pode ter parecido a algumas pessoas, isso é até aceitável pelo fato de seus pais serem bem conhecidos, e a mãe, uma funcionária da Rede Globo. Algum filho de pobre poderia fazer isso? Claro que não. Seria um grande absurdo, coisa de “vagabundo,” como poderia dizer o governador Sérgio Cabral. E essas coisas acontecem com o aval do prefeito do Rio e do governador do estado, dois grandes bajuladores de celebridades nacionais e internacionais, e com o mesmo aval governamental, e Global, é bem possível que o túnel receba o nome: “Túnel Filho da Cissa Guimarães”.  Um túnel que é interditado regularmente para se tornar playground dos meninos da Zona Sul.

Até agora, o caso pode ser resumido de tal forma: Rafael mata Rafael e dois Marcelos vão presos.

14 agosto, 2010

Uma Cantora Chamada Vanusa

Serei sincero e direi: Gosto da Vanusa. Isso mesmo, eu gosto da Vanusa. No entanto, não quero aqui defender a cantora até porque esse não é o caso, e sim por eu ter um gosto muito vasto em música, e também gostar de música brega. Mas, ei!!!, sou muito seletivo no meu brega. E a Vanusa não é brega... não necessariamente; ou nem sempre foi brega.

Enfim... Muito embora eu goste da Vanusa, e por ser imparcial, e brega, resolvi colocar esse vídeo onde a cantora é sacaneada fortemente. É muito engraçado tentar imaginar a Vanusa cantando “Faroeste Caboclo” de Renato Russo, uma música de 9 minutos e sem refrão. Mais engraçado ainda, é ver o vídeo da Vanusa cantando a difícil música do Legião Urbana. Aqui vai. É bem brega..







O vídeo foi produzido (acho) por Pablo Peixoto (@Pablo_Peixoto)

13 agosto, 2010

Pesquisas Sobre Intenção de Voto

Sabe o quê me irrita muito? Pesquisas sobre intenção de voto. Primeiro porque fornecem informações que não são necessariamente reais. Todo mundo mente e opiniões mudam sempre. Segundo, as pesquisas são por feitas amostras e por mais que possam refletir uma realidade em outras situações sociais, intenção de voto não é (ainda) um voto. Terceira e última razão, que leva em consideração as duas prévias razões: pesquisas de opinião, quando veiculadas intensamente na mídia, somente servem para construir opinião.


Interessantemente, os resultados divulgados hoje pelo datafolha (inclusive no Jornal Nacional da Rede Globo, pesquisa feita a pedido da Globo), pela primeira vez mostra Dilma Rousseff na dianteira nas pesquisas conduzidas por aquela instituição. Isso poderia indicar que nas outras pesquisas o datafolha mentiu, errou, ou simplesmente não sabia de que porra tava falando...

Cidade Maravilhosa? Sim, Graças (em parte) a Baixada Fluminense

Esta semana iniciou-se com várias críticas em direção à candidata Dilma Rousseff por ela ter cometido o lapso de dizer conhecer bem o Brasil incluindo localidades como a "Baixada Santista" no Rio, durante a famosa entrevista no Jornal Nacional. Este fato sem muita importância ao meu ver, chamou a atenção de eleitores-internautas e dos cabos eleitorais do candidato José Serra, claro, em uma maneira de se desviar a atenção de fatos mais relevantes da eleição presidencial. Da mesma forma com a qual Dilma confundiu as “baixadas” brasileiras, a maneira pela qual os políticos e moradores da região metropolitana do Rio de Janeiro entendem a Baixada Fluminense, também está completa de confusões, lapsos, e principalmente, descaso.

Em Junho a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro informou que não iria recapear a Linha Vermelha na parte que cruza a Baixada Fluminense (Duque de Caxias a São João de Meriti). Isso não chegou a chocar ninguém como a confusão de Dilma o fez. Tal fato não foi somente uma troca de nomes, ou um lapso de memória durante uma entrevista de doze minutos. Diferentemente da entrevista que chocou um grande número de pessoas, a decisão de não recapear a via que leva à assustadora região da Baixada Fluminense, claramente exemplifica o descaso que autoridades adiministrativas tratam a área—incluindo aqui as autoridades da própria região da Baixada.

O caso poderia terminar aqui caso não fosse público o fato de que todo o lixo da cidade maravilhosa do Rio de Janeiro ser jogado na Baixada Fluminense. Nesse caso, a mídia e a prefeitura do Rio se referem à área como “região metropolitan da cidade do Rio de Janeiro,” o que sempre foi. A questão do lixo da cidade do Rio virou manchete quando agora a cidade vê-se forçada a parar de depositar seu lixo em Gramacho, Duque de Caxias, e com isso contribuir com o projeto de despoluição da Baía de Guanabara. Onde, então, despejar o lixo “maravilhoso”? Em 2003, o então prefeito Cesar Maia fez a concorrência para um aterro em Paciência (Zona Norte da cidade), mas após 30 ações judiciais o projeto não foi adiante. Legal, não é? Então, claramente, a resposta ainda é a Baixada, agora no município de Seropédica. O início da construção do aterro no município se deu hoje, uma sexta-feira 13, mesmo com uma manifestação contrária a tal decisão.


Fotos do Marcos Prado em Jardim Gramacho
A cidade do Rio de Janeiro continuará maravilhosa graças a Baixada, que muito embora não seja Santista, é uma santa para a capital. Sendo que a Baixada sofre de uma grave falta de infra-estrutura, qualquer comparação com a capital se torna uma tarefa extremamente fácil.

12 agosto, 2010

Ronald Reagan Candidato a Deputado Estadual-RJ

É super bom saber que a criatividade ainda existe nas campanhas políticas. Em cidades pequenas onde a regra de campanha sempre figurou os carros com auto-falantes super potentes nos tetos (extremamente irritantes), e os santinhos distribuídos por desempregados fazendo bico de cabo eleitoral, apresentam algo mais divertidos e, por que não dizer, carnavalesco.
Wagner Montes ou Ronald Reagan?

Em Nova Iguaçu existem os bonecos políticos gigantes. Esse aqui flagrado parece muitíssimo ao ex-presidente Ronald Reagan. Bem, o candidato a deputado estadual Wagner Montes mais se assemelha, nesta versão alegórica, ao ex-presidente estadunidense. 

Felipe Nardoni Vítima de SacaNet

As novas tecnologias são facilmente abraçadas pelas novas gerações. Os mais velhos, devagar, tentam desvendar seus segredos, envergonhadamente, com a ajuda de filhos, sobrinhos, netos, ou qualquer pentelho que estiver por perto. Mas os jovens também, sem saber, sofrem com as novas tecnologias que eles abraçam e, envergonhadamente, guardam os segredos de seus tropeços com as parafernálias que tanto os fascina.

Tenho uma conta no twitter e vi, como já havia observado em sites como YouTube, que muitos usuários se tratam de maneira bem agressiva por tópicos muitas vezes sem nenhuma grande importância. É um campo de batalhas verbais onde os lutadores e guerreiros se escondem atrás de avatares que servem somente como um escudo que protege, muito pouco, suas reais identidades. No entanto, as emoções ainda se encontram vulneráveis quando tem-se que suportar um insulto quando tudo que se queria era somente defender um ídolo, uma simples idéia, ou oferecer a opinião sobre um tópico polêmico e apaixonante.

Felipe Nardoni, que até hoje eu nunca havia ouvido falar, tem sido alvo de uma dessas batalhas, ou ataques virtuais. O site Twitter vem se enchendo de insultos que ninguém conseguiria reagir com o sangue frio. Imagine um menino de 17 anos de idade que foi elaborado pela Revista Capricho a tornar-se símbolo sexual de meninas adolescentes, e de pedófilos e pedófilas. Felipe Nardoni sofreu de “bullying” (não de "chaleira" como brinca meu pai), termo importado dos Estados Unidos; termo que pra mim tem várias traduçoes em português, mas prefiro usar o termo sacanagem, pois me parece bem apropriado nesse e em vários casos.

Bem, com tantas notas ofensivas na internet, Nardoni parece ter entrado em depressão, parou de comer por dois dias, tomou um remédio, desmaiou. Boato surge, então, de que o adolescente havia tentado o suicído. O rumor caiu na boca, quero dizer, nos dedos dos adolescentes menos ocupados do país e frequentadores assídudos do Twitter e se tornou o tópico mais dedilhado do mundo. O rapaz após se recuperar, encontra no computador as piadas e os adjetivos mais indesejados somados à sua imagem, tendo sido mais frequente, o de ser homosexual--com direito a tradução em ingles de suas ofensas! Tá vendo como valeu ter pago um dinheirão pelo cursinho de inglês? Eles são mal-criados em duas línguas!
Felipe Nardoni

O menino colírio da Abril Editora (revista Capricho), não teria sido a primeira vítima da sacanagem na internet (ou ‘sacanet’, como costumo denominar esse fenômeno virtual). Vários casos vêm ocorrendo ao redor do mundo mágico das redes sociais. Com certeza, esse também não será o último.

O Twitter é uma coisa, no máximo, interessante como pude observar. É algo vago, irrelevante na maioria dos casos, e quase anônimo. Insultos correm soltos, bem como uma certa cordialidade que pode levar à sutis e breves relacionamento entre “contatos, ou “seguidores.” Mas, algo que vem sendo considerado revolucionário em termos de comunicação, também reflete claramente uma ânsia que o ser humano adolescente tem em travar conflitos bobos, sacanear desconhecidos, e até de celebrar a tentativa de suicídio de um menino que foi levado a crer que era sinônimo de beleza masculina teen, e, o pior, acreditar que é talentoso (tem uns clips no YouTube que... puta que o pariu...). Coitado, é pura sacanagem com o guri.

Bem, são esses os momentos em que eu compreendo o temor da minha irmã em deixar meu sobrinho de 11 anos abrir uma conta no Twitter; e é também nesses imundos momentos que passo a acreditar que foi boa a minha decisão em não ter filhos.

A Editora Abril, Revista Capricho, publica em seu site os “Colírios”, onde hiper-sexualiza meninos—em sua maioria brancos, padrão étnico de beleza celebrado pela publicação—expondo-os ao possível ridículo de talvez não se tornarem celebridades bem-quistas. Dá uma checada: http://colirios.capricho.abril.com.br/os-colirios , é bem ridículo. 

Ficha Limpa e Cueca Limpa

Agora que estamos em fase de eleição me sinto muito mal e lesado pelo fato de não estar muito satisfeito com as opções oferecidas pelo mercado político do país, do estado, das cidades. É deprimente o que se é visto na televisão, lido nos jornais,  sites, e revistas, sobre partidos e candidatos. Da' vontade de trocar a cueca.

Mas o que mais me chama a atenção é a proibição de se fazer humor com as eleições. É uma grande pena ter nossos humoristas castrados pela censura política, pois nessa deprimente eleição à presidência da república, um pouco de humor me animaria a me empenhar mais na escolha de um candidato que valha minha confiança e, consequentemente, meu voto.

Bem, não sou comediante então me aventuro a sacanear os políticos. E com a mesma licença, me aventurarei a sacanear as celebridades que gostam de aparecer e esfregar qualquer bobagem na minha cara através da mídia. Vem Regina Duarte!!! Vamos lá! De cueca limpa.

11 agosto, 2010

As Eleições

Alguém disse: “Dilma, José Serra, William Bonner, Fátima Bernardes, Sérgio Cabral e Fernando Gabeira deveríam ser presos por encherem linguiça com carne com prazo de validade vencida!”

Jornal Nacional: Quando Notícia Vira Drama e Eleições São Novelas

Quando se fala de Rede Globo, a primeira coisa que me vem à cabeça são as famosas novelas, que na minha opinião, já foram muito melhores (e talvez por isso mesmo é que a própria Globo vem sempre re-gravando velhas e famosas novelas).

É com sua aura de uma, quase, Hollywood brasileira, quando se trata na fabricação de material de ficção em grande escala e de grande abrangência populacional, que a Globo monta seu misticismo até mesmo no seu noticiário mais importante: O Jornal Nacional.

William Bonner, dentro deste contexto, é o ator principal, e com sua bela voz, seu rosto de galã, interpreta as notícias com inflexões dignas dos grandes astros das rádio-novelas.

Bonner e Bernardes no Oscar
A mulher de William, Fátima Bernardes, não é tão boa nesse tipo de atução jornalística, na qual seu marido tem provado ser um grande mestre, mas se sai muito bem como elenco de apoio. Entretanto, a relação real de marido e mulher, eleva–os ao patamar de uma relação “Dalva e Erivelto” com final feliz. Os dois são astros, celebridades.

Isso é explicável e até aceitável nessa era de globalização da mídia onde no Brasil se copia o formato tele-jornalístico dos Estados Unidos em que os apresentadores interagem entre si batendo papo, jogando conversa fora a maior parte do tempo, e não oferecendo muito aprofundamento sobre a matéria sendo apresentada. Muito embora os âncoras estadunidenses sejam muito bem preparados para tanto comentar fatos quanto abordarem diversas categorias de entrevistados, inclusive aqueles que eles não gostam muito—um bom exemplo seria a Katie Couric, âncora e editora do CBS Evening News, conduzindo a famosa entrevista que literalmente "destruiu" a campanha de Sarah Palin, candidata do partido republicano à vice-presidência dos Estados Unidos em 2008.


Couric and Palin, 2008
Infelizmente, a encenação no Jornal Nacional também é realizada no contexto das eleições presidenciais, onde o Sr. Bonner, o mocinho justiceiro consegue construir e oferecer ao público o melhor candidato à presidência. Na entrevista de hoje com o candidato José Serra, a mais amistosa e cordial de todas, até mesmo as perguntas mais contundentes politicamente, foram feitas em um tom ameno, calmo, diferente aquele apresentado às candidatas Marina Silva, e mais especificamente, à Dilma Rousseff, na qual William parecia ter se inspirado no pitbull do seu vizinho--bem, estou exagerando agora.

Mas eu me pergunto: Bonner, Bernardes e Serra teriam ensaiado a entrevista? Serra teria recebido as perguntas algumas horas antes da entrevista? E eu respondo: Quem sabe? É bem possível.

No caso de um ensaio anterior a entrevista, esta se torna em um drama, onde Serra é o mocinho, Dilma seria a mulher “durona”, má, a vilã, e Marina, coitada, se torna o personagem suplementar que sem querer ajuda o mocinho a derrubar a vilã--mas acaba sozinha no final da trama (nesse caso ela e' abondonada pelo candidato ao governo do estado do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira).

Com toda essa encenação em cadeia nacional, o quê acontece ao jornalismo brasileiro? Qual sera' o efeito que tal liberdade que é auto-concedida ao casal 20 da Globo em recriar um padrão ético de entrevista nas novas gerações de jornalistas? Tudo indica que a falta de prática em entrevistas sérias, os levou aos absurdos deslizes que cometeram durante as entrevistas com Dilma Rousseff e Marina Silva.

Nervosismo, tento crer e me convercer, foi o fator que levou William a ter sua mulher lhe pedindo pra esperar a candidata Dilma finalizar uma resposta que não o estava satisfazendo. Foi ali, naquele momento, que o grande ator se tornou um canastrão ao perder o personagem. Foi ali, que pela primeira vez, pude perceber que William e Fátima são realmente marido e mulher fora do cenário do grande Jornal Nacional.

CuecaLimpa

Resolvi ter um blog depois de descobrir que o Twitter não me oferece espaço suficiente para que eu seja proficiente. Preciso de espaço e tempo para poder expressar minhas opiniões, que podem ou não fazer sentido.

Eu penso melhor usando uma cueca limpa. Estar com uma Cueca Limpa é como estar com a cabeça limpa. A consciência limpa, o corpo relaxado, assim como quando se sai de um banho de assento.

Cueca Limpa é, no final das contas, e acima de tudo, um estilo de vida, uma forma genital de expressão.