CuecaLimpa

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12 agosto, 2010

Felipe Nardoni Vítima de SacaNet

As novas tecnologias são facilmente abraçadas pelas novas gerações. Os mais velhos, devagar, tentam desvendar seus segredos, envergonhadamente, com a ajuda de filhos, sobrinhos, netos, ou qualquer pentelho que estiver por perto. Mas os jovens também, sem saber, sofrem com as novas tecnologias que eles abraçam e, envergonhadamente, guardam os segredos de seus tropeços com as parafernálias que tanto os fascina.

Tenho uma conta no twitter e vi, como já havia observado em sites como YouTube, que muitos usuários se tratam de maneira bem agressiva por tópicos muitas vezes sem nenhuma grande importância. É um campo de batalhas verbais onde os lutadores e guerreiros se escondem atrás de avatares que servem somente como um escudo que protege, muito pouco, suas reais identidades. No entanto, as emoções ainda se encontram vulneráveis quando tem-se que suportar um insulto quando tudo que se queria era somente defender um ídolo, uma simples idéia, ou oferecer a opinião sobre um tópico polêmico e apaixonante.

Felipe Nardoni, que até hoje eu nunca havia ouvido falar, tem sido alvo de uma dessas batalhas, ou ataques virtuais. O site Twitter vem se enchendo de insultos que ninguém conseguiria reagir com o sangue frio. Imagine um menino de 17 anos de idade que foi elaborado pela Revista Capricho a tornar-se símbolo sexual de meninas adolescentes, e de pedófilos e pedófilas. Felipe Nardoni sofreu de “bullying” (não de "chaleira" como brinca meu pai), termo importado dos Estados Unidos; termo que pra mim tem várias traduçoes em português, mas prefiro usar o termo sacanagem, pois me parece bem apropriado nesse e em vários casos.

Bem, com tantas notas ofensivas na internet, Nardoni parece ter entrado em depressão, parou de comer por dois dias, tomou um remédio, desmaiou. Boato surge, então, de que o adolescente havia tentado o suicído. O rumor caiu na boca, quero dizer, nos dedos dos adolescentes menos ocupados do país e frequentadores assídudos do Twitter e se tornou o tópico mais dedilhado do mundo. O rapaz após se recuperar, encontra no computador as piadas e os adjetivos mais indesejados somados à sua imagem, tendo sido mais frequente, o de ser homosexual--com direito a tradução em ingles de suas ofensas! Tá vendo como valeu ter pago um dinheirão pelo cursinho de inglês? Eles são mal-criados em duas línguas!
Felipe Nardoni

O menino colírio da Abril Editora (revista Capricho), não teria sido a primeira vítima da sacanagem na internet (ou ‘sacanet’, como costumo denominar esse fenômeno virtual). Vários casos vêm ocorrendo ao redor do mundo mágico das redes sociais. Com certeza, esse também não será o último.

O Twitter é uma coisa, no máximo, interessante como pude observar. É algo vago, irrelevante na maioria dos casos, e quase anônimo. Insultos correm soltos, bem como uma certa cordialidade que pode levar à sutis e breves relacionamento entre “contatos, ou “seguidores.” Mas, algo que vem sendo considerado revolucionário em termos de comunicação, também reflete claramente uma ânsia que o ser humano adolescente tem em travar conflitos bobos, sacanear desconhecidos, e até de celebrar a tentativa de suicídio de um menino que foi levado a crer que era sinônimo de beleza masculina teen, e, o pior, acreditar que é talentoso (tem uns clips no YouTube que... puta que o pariu...). Coitado, é pura sacanagem com o guri.

Bem, são esses os momentos em que eu compreendo o temor da minha irmã em deixar meu sobrinho de 11 anos abrir uma conta no Twitter; e é também nesses imundos momentos que passo a acreditar que foi boa a minha decisão em não ter filhos.

A Editora Abril, Revista Capricho, publica em seu site os “Colírios”, onde hiper-sexualiza meninos—em sua maioria brancos, padrão étnico de beleza celebrado pela publicação—expondo-os ao possível ridículo de talvez não se tornarem celebridades bem-quistas. Dá uma checada: http://colirios.capricho.abril.com.br/os-colirios , é bem ridículo. 

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